quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O fim? Não...o recomeço! Fui um militar, e para mim, já deu. Fui!

"Não sou o movimento negro
Sou o preto em movimento
Todos os lamentos (Me fazem refletir)
Sobre a nossa historia
Marcada com glorias
Sentimento que eu levo no peito
É de vitória" (mv bill)



Há decisões que os Homens devem fazer.
Há Homens

Há decisõesHá o que haverHá o e que fazer
Com certeza existem mais "coisas" e "coisos" merecedores de serem acompanhados do verbo "haver".

Mas nada há de mais sublime do que a liberdade.
Não há liberdade.

Por isso, vivo num mundo quase sublime, mas jamais terei a perfeição da sensação. Sei o que é ser quase quase, mas nada mais do que isso.

Há a minha quase liberdade.
Sou quase livre.

Dentre as opções que minha classe social me permitiu apreender no campo dos conhecimentos escolares cultos, eu pude ser "livre" para escolher entre algumas carreiras: geografia, biologia, pedagogia, letras...sociologia...e...putz, só lembrei destas.

Fiz Geografia. E dentre as possibilidades limitadas que minha área de estudo me ofereceu, consegui ser "livre" para...ser professor de...Geografia!Pois bem. Nesta minha "liberdade", pude ser livre para "escolher" me vender para colégios...horríveis, e outros piores. No meio termo estavam os péssimos. Aqueles que você vê no 2º andar sobre o acougue do bairro, subindo aquela escada íngreme a beça e que te faz desistir de perguntar sobre "planejamento pedagógico".

Ainda sendo “livre”, ou quase isso, fui vendo que o´s colégios privados se repetem.
Na verdade são tais quais aqueles agentes clones dos filmes Matrix, lembram? Você começa acreditando que são diferentes mas...quando os olha outra vez, se tornam a mesma figura.E, acreditem, sua péssima qualidade faz o mesmo mal quanto as pistolas dos agentes da Matrix.Me sinto um NeYo!Não o rapper beiçudinho, mas o do filme.Tive que conhecer o outro lado da moeda para descobrir que ao invés de moedas de dois lados, o mundo se constitui em um pequeno globo de borracha que é equilibrado no focinho de um porquinho adestrado se equilibrando com patins sobre uma bola de boliche.

Estamos na mesma.
Me senti “livre” quando “optei” por me tornar professor concursado do Estado, ganhando 540 reais. Que liberdade!!!

Depois, quando o Estado me ligou me dando a “liberdade” de lecionar Física, Matemática, Espanhol, Inglês, Química, Artes, Religião, outras disciplinas e até...Geografia para um projeto da Fundação Roberto Marinho, me senti “o escolhido” da Matrix. Eu era “livre”.

Eu era “livre” para fingir que o sistema funcionava.
Eu era um Pinocchio. O sistema me contaminou, me drogou, entorpeceu e me levou a crises existenciais, que me fizeram abrir processos contra diretoras, coordenadoras, reclamar com a Fundação, com o coordenador da Mteropolitana, a...chamar a Polícia na minha escola. Por ter sido ameaçado e ofendido por um aluno maior de idade.

Tudo isso para...me sentir “livre”.E livremente fui chamado de louco por diretora, por superiores, por querer o certo...me disseram “é só fingir que dá aula e a gente te paga, porra! Pra que inventar caso! Eles querem diploma, dá isso a eles!”

Ah, eu era livre, sim!Ao menos fiz a monografia que eu QUIS, estudei o tema que quis, abri mão de orientador, fiz 154 páginas de algo que me limpou o sangue negro, a alma, enegreceu minha convicção de ser um preto em movimento...glorificou minha história.

Minha pós seguiu o mesmo caminho, e nisso, fui trabalhar no IPEAFRO.
Lá, conheci Abdias, Elisa, Clícea, Carlos Henrique.
Ali fui feliz...

Ali me apareceu a oportunidade de...me tornar oficial da Marinha.Mas...eu?Marxista, cabeludão, do contra, é...isso mesmo.Sobre a Marinha muito tenho a escrever, ainda. Não escreverei por ainda ser militar da FAB.

Pedi para sair, em Outubro de 2011, pois havia passado pra Oficial da Força Aérea Brasileira.

E achando ainda que sou “livre”, ao mesmo tempo estive tentando o concurso para Professor I 40H de Geografia, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.

Passei! Em primeiro na minha coordenadoria, em 3º no geral, para mais de 3200 professores de Geografia que se candidataram.

Opto, pois, neste momento, após muito avaliar prós e contras, por dar por finalizada minha experiência como militar brasileiro. Ao menos, sou “livre” para tal.

Aprendi (junto aqueles que um dia espero que, inicialmente, reagirão de modo violento à implantação de uma nova ordem psicosocio-política que pretendo plantar nas escolas públicas) a desenvolver habilidades que me levarão ao exercício de liderança mais qualificada para uma revolução na qual, sinceramente, eu tenho que acreditar.

Me pensei “livre” para fazer tantas opções, tantas mudanças, tantas ousadias e realmente ter feito História por onde caminhei por ser, “livre”. Eu não o era, mas eu criei uma liberdade que nenhum Estado ou agente armado pode me tomar: A LIBERDADE DE PENSAR!

Adepto do livre pensar, ao invés de me ver PRESO ao destino manifesto de ser o pobre coitado e infeliz professor de Geografia preto e pobre carioca, me construí forte e relevante, ainda professor de Geografia, preto, carioca, de renda média.

Eu criei minha liberdade...a partir de uma escolha tão...”boba”, que fiz em 2001: fazer Geografia.

Sinceramente, não imaginava ter vivido um milésimo de tudo o que vivi, até hoje. Passar por duas Forças Armadas, ter dado aulas em mais de 10 municípios do Rio de Janeiro, mais de 30 escolas (creio que 41), e ter visto o que vi, aprendido o que aprendi, e ensinado o que ensinei, com atos, palavras e sentimento (e crítica), me tornaram livre.

Me ensinaram a ser Homem, e sou um Homem;
Sei que existem decisões, e as tomo;
Sei que existem coisas, e as interpreto e classifico; assim, as utilizo ou não;
Sei que o verbo “haver” tem muito mais coisas a colocar em minha vida do que jamais imaginei.

Volto, e agora, mais forte, convicto de minas crenças, enriquecido de esperança num mundo desesperançoso, venho para cumprir minha real missão: educar crianças, e ser educado por elas.

Sou um homem hoje muito triste pela decisão que tomei, muito mesmo, escrevo isso com vontade de chorar. Porém muito forte pelo que o futuro me reserva.

Afinal, é mole ser bom professor em um ambiente perfeito, com alunos selecionados, tudo no lugar e hierarquia manifesta.Eis que eu SEREI bom e socialmente relevante no oposto. É o meu desafio.

Obrigado UERJ, FFP, IGEO, Andrelino, Catia Antonia, Renato Emerson, Tâmara Tânia, Abdias, Elisa Larkin, IPEAFRO, Cláudio Barbosa (R.I.P.), Emanuel Carneiro (R.I.P), Regina, Roberta, Risla, Tenentes: Adolpho, Pedro Paulo, Claudia, Eveline, Aline, Barretinho, CC ANTUNES (comandantê), amigos da FFP, Bruno, Barata (traíra) e todos aqueles que aqui estiveram.

Vamos fazer o melhor hoje. Porque semana que vem...pode nem chegar!


O Preto em Movimento – MV BILL

Não sou o movimento negro
Sou o preto em movimento
Todos os lamentos (Me fazem refletir)
Sobre a nossa historia
Marcada com glorias
Sentimento que eu levo no peito
É de vitória
Seduzido pela paixão combativa
Busquei alternativa (E não posso mais fugir)
Da militância sou refém
Quem conhece vem
Sabe que não tem vitória sem suor
Se liga só, tem que ser duas vezes melhor
Ou vai ficar acuado sem voz
Sabe que o martelo tem mais peso pra nós
Que a gente todo dia anda na mira do algoz
Por amor a melanina
Coloco em minha rima
Versos que deram a volta por cima
O passado ensina e contamina
Aqueles que sonham com uma vida em liberdade
De verdade
Capacidade pra bater de frente
E modificar o que foi pré-destinado pra gente
Dignificar o que foi conquistado
Mudar de estado, sair de baixo
Sem esculacho é o que eu acho
Não me encaixo nos padrões
Que vizam meus irmãos como vilões
Na condição de culpados
Ovelha branca da nação
Que renegou a pretidão (Na verdade é que você...)
Tem o poder de mudar ' RAPÁ'
Então passe para o lado de cá, vem cá
Outra corrente que nos une
A covardia que nos pune
A derrota se esconde no irmão
Que não se assume
Chora quando é pra sorrir
Ri na hora de chorar
Levanta quando é pra dormir
Dorme na hora de acordar
Desperta
Sentindo a atmosfera, que libera dos porões
E te liberta (Sarará criolo...)
Muita força pra encarar qualquer bagulho
Resistência sempre foi a nossa marca, meu orgulho
É bom ouvir o barulho
Que ensina como caminhar (Eu estou sempre na minha...)
Não vou pela cabeça de ninguém
Pode vir que tem
Agbara, Ôminara, Português, Faveles ou em Ioruba, Axé
Pra quem vai buscar um acue
E deixa de ser um qualquer
Já viu como é
Preto por convicção acha bom submissão
Não, da re no Monza e embranquece na missão
Tem que ser sangue bom com atitude
Saber que a caminhada é diferente pra quem vem da negritude
Que um dia isso mude
Por enquanto vou rezar pro santo
E que nós nos ajude
 
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