Após beber e beber e beber, a gente fica meio sem noção de tempo e espaço, e começei a escrever este texto ontem, sábado, a 15:45. A solução é twittar, blogar e atualizar fotolog. Sexta foi um dia longo. Ao menos terminou de forma ótima, como mostram as fotos deste post, de minha noite na Lapa e no Circo Voador. De cima para baixo, as seguintes fotos: Fabão, Stallone, Salgueiro e eu, no Tangará, Centro do Rio; Clarissa, Gabi e Aline, no Circo Voador; e Raquel, também no Circo Voador, show do Fino Coletivo + Eddie.
Dei aula sexta-feira a tarde, coloquei uma aluna para fora de sala, me estressei pacas. Depois, uma reunião meio...nonsense com minha diretora. Entendo ela, mas não concordo. Não concordo com a apatia educacional, com o sono negro e mórbido que reluz na escuridão das escolas.
Explico: Meus alunos tem entre 12 e 15 anos, e estão na sexta série do ensno fundamental, antigo primeiro grau. Dou minha aula sabendo que o meu conteúdo é fundamental para suas vidas. Para quem não sabe,na sexta série, ensinamos os temas de Brasil, referentes aos estudos de população, formação histórica, território, diferenças entre campo e cidade e adentramos nas especificidades de cada região (Norte, Nordeste, Sudestes, Sul e Centro-Oeste). Imagine se você não soubesse que o estado da Bahia se localiza no Nordeste, ou se não soubesse que São Paulo fica ao lado do Rio de Janeiro, e que a Floresta Amazônica não cresce perto de Santa Catarina. Inviável ser cidadão nestas condições.
Porém, sempre há um porém. Os alunos não desejam o conhecimento. E eles escolheram a vantagem, o privilégio, seguindo a Lei de Gerson, onde este queria sempre levar vantagem em tudo. Se eu pedir para um aluno fazer um trabalho, ler um texto ou parar de falar, ele não o fará. Mas se eu pedir para plantarem bananeira e prometer um ponto na média, eles o farão. Quiçá, se o Bin Laden fosse professor da rede pública do Rio de Janeiro e prometesse pontos na média caso os alunos se aventurassem em atentados terroristas contra edifícios públicos, os mesmos aceitariam na hora, sem figurar em sua mente que suicida significa que ele morrerá e não precisará de ponto nenhum. Afinal, eles não sabem interpretar textos de forma minimamente aceitável mesmo.
O porém é: Todos querem tirar o corpo fora. O aluno nem sabe o que é ECA. Talvez muitos achem que isso é apenas uma palavra de nojo para coisas como um monte de bosta fedida na calçada: Ecaaaaa! Mas ECA é a abreviação usual para Estatuto da Criança e do Adolescente. Aquele conjunto de leis que estabeleceu o famoso: "Perae, puliça! Eu sou di menor!".
O ECA estabelece que os jovens tem direitos. Mas também deveres, e disso não se lembra. Quem me defende de aluna de 12 anos e mais de 75kg que tenta me agredir e humilhar em sala de aula? Quem me defende de aluno que me mande à merda? Para a puta que o pariu. Ninguém. Vivemos um estado psicológico e policial. Ao mesmo tempo que fiscalizamo-nos uns aos outros, defendemos todas as atitudes alheias com argumentos de estar estressado, ou sob trauma.
Em 2008, um aluno que dava show em sala de aula de egoísmo ao procurar aparecer a todo o momento com bolinhas de papel ou gritando, cantando, batendo na mesa, perguntei se ele se achava uma estrela para querer aparecer deste modo. O infeliz se levantou e argumentou que se posso questionar se ele é estrela, pode me perguntar se eu quero uma banana, já que sou preto, e pareço um macaco. Diante da postura da dirreção (que não fez nada), afirmei que o processaria por racismo, mas resolvemos tudo após uma reunião com a mãe do menino que afirmou o que? Que ele está com dificuldades de se adaptar à separação dos pais. É trauma! De novo?
Pois bem, todo aluno meu que expulso de sala ou chamo o responsável está sob trauma. A mãe separou,amãe é piranha, o pai é traficante, o pai sumiu, morreu, nem a mãe sabe quem é o pai, a avó morreu, o cacchorro morreu, ou a aluna foi mãe aos 13 anos e não consegue conviver com isso. Não há reclamação que eu faça à minha coordenadora e diretora que não venha com um "mas professor, você tem que ter paciência, entender que..." . Entender o que? Que eu entendo eles e eles não me entendem? Não é argumento vazio pensar que aos 12 anos, se meu pai fosse chamado à escola, o simples medo de apanhar me fazia virar um santo por ao menos 3 meses. Detalhe, eu nunca apanhei, mas os olhares de meu pai e as palavras de minha mãe faziam um efeito danado.
As mães que chamo se dividem em categorias cristalizadas:
- A ex piranha: Mães todas tatuadas, com trajes evangélicos esaia até o calcanhar, que me encontram comBíblia na mão, a mesma mão tatuada com caneta Bic de presídio. Afirmam que tudo melhorará, pois vão enfiar a porrada em seus filhos;
- A ainda piranha: É aquela mãe que chega me dando mole, comum lindo par de seios a mostra, um belo quadril, e discurso conciliador;
- A turista: Parece que nunca viu o próprio filho, pois tudo o que falo do mesmo a mãe rechaça, a ponto de eu me perguntar: Como pode ser tão cega? Normalmente, vem com o argumento de que o professor não passa matéria e tem pinimba pessoal contra o aluno. Mas nunca sabe nem quantas matérias o filho tem;
- A que sabe: Esta é raríssima, e sabe exatamente a peça que é seu filho. Afirma que vai endurecer, cortar privilégios e lutar para não ser chamada outra vez. É respeitosa, educada, vai de roupas contidas, e fica feliz em conversar com o professor.
Dei aula sexta-feira a tarde, coloquei uma aluna para fora de sala, me estressei pacas. Depois, uma reunião meio...nonsense com minha diretora. Entendo ela, mas não concordo. Não concordo com a apatia educacional, com o sono negro e mórbido que reluz na escuridão das escolas.
Explico: Meus alunos tem entre 12 e 15 anos, e estão na sexta série do ensno fundamental, antigo primeiro grau. Dou minha aula sabendo que o meu conteúdo é fundamental para suas vidas. Para quem não sabe,na sexta série, ensinamos os temas de Brasil, referentes aos estudos de população, formação histórica, território, diferenças entre campo e cidade e adentramos nas especificidades de cada região (Norte, Nordeste, Sudestes, Sul e Centro-Oeste). Imagine se você não soubesse que o estado da Bahia se localiza no Nordeste, ou se não soubesse que São Paulo fica ao lado do Rio de Janeiro, e que a Floresta Amazônica não cresce perto de Santa Catarina. Inviável ser cidadão nestas condições.
Porém, sempre há um porém. Os alunos não desejam o conhecimento. E eles escolheram a vantagem, o privilégio, seguindo a Lei de Gerson, onde este queria sempre levar vantagem em tudo. Se eu pedir para um aluno fazer um trabalho, ler um texto ou parar de falar, ele não o fará. Mas se eu pedir para plantarem bananeira e prometer um ponto na média, eles o farão. Quiçá, se o Bin Laden fosse professor da rede pública do Rio de Janeiro e prometesse pontos na média caso os alunos se aventurassem em atentados terroristas contra edifícios públicos, os mesmos aceitariam na hora, sem figurar em sua mente que suicida significa que ele morrerá e não precisará de ponto nenhum. Afinal, eles não sabem interpretar textos de forma minimamente aceitável mesmo.
O porém é: Todos querem tirar o corpo fora. O aluno nem sabe o que é ECA. Talvez muitos achem que isso é apenas uma palavra de nojo para coisas como um monte de bosta fedida na calçada: Ecaaaaa! Mas ECA é a abreviação usual para Estatuto da Criança e do Adolescente. Aquele conjunto de leis que estabeleceu o famoso: "Perae, puliça! Eu sou di menor!".
O ECA estabelece que os jovens tem direitos. Mas também deveres, e disso não se lembra. Quem me defende de aluna de 12 anos e mais de 75kg que tenta me agredir e humilhar em sala de aula? Quem me defende de aluno que me mande à merda? Para a puta que o pariu. Ninguém. Vivemos um estado psicológico e policial. Ao mesmo tempo que fiscalizamo-nos uns aos outros, defendemos todas as atitudes alheias com argumentos de estar estressado, ou sob trauma.
Em 2008, um aluno que dava show em sala de aula de egoísmo ao procurar aparecer a todo o momento com bolinhas de papel ou gritando, cantando, batendo na mesa, perguntei se ele se achava uma estrela para querer aparecer deste modo. O infeliz se levantou e argumentou que se posso questionar se ele é estrela, pode me perguntar se eu quero uma banana, já que sou preto, e pareço um macaco. Diante da postura da dirreção (que não fez nada), afirmei que o processaria por racismo, mas resolvemos tudo após uma reunião com a mãe do menino que afirmou o que? Que ele está com dificuldades de se adaptar à separação dos pais. É trauma! De novo?
Pois bem, todo aluno meu que expulso de sala ou chamo o responsável está sob trauma. A mãe separou,amãe é piranha, o pai é traficante, o pai sumiu, morreu, nem a mãe sabe quem é o pai, a avó morreu, o cacchorro morreu, ou a aluna foi mãe aos 13 anos e não consegue conviver com isso. Não há reclamação que eu faça à minha coordenadora e diretora que não venha com um "mas professor, você tem que ter paciência, entender que..." . Entender o que? Que eu entendo eles e eles não me entendem? Não é argumento vazio pensar que aos 12 anos, se meu pai fosse chamado à escola, o simples medo de apanhar me fazia virar um santo por ao menos 3 meses. Detalhe, eu nunca apanhei, mas os olhares de meu pai e as palavras de minha mãe faziam um efeito danado.
As mães que chamo se dividem em categorias cristalizadas:
- A ex piranha: Mães todas tatuadas, com trajes evangélicos esaia até o calcanhar, que me encontram comBíblia na mão, a mesma mão tatuada com caneta Bic de presídio. Afirmam que tudo melhorará, pois vão enfiar a porrada em seus filhos;
- A ainda piranha: É aquela mãe que chega me dando mole, comum lindo par de seios a mostra, um belo quadril, e discurso conciliador;
- A turista: Parece que nunca viu o próprio filho, pois tudo o que falo do mesmo a mãe rechaça, a ponto de eu me perguntar: Como pode ser tão cega? Normalmente, vem com o argumento de que o professor não passa matéria e tem pinimba pessoal contra o aluno. Mas nunca sabe nem quantas matérias o filho tem;
- A que sabe: Esta é raríssima, e sabe exatamente a peça que é seu filho. Afirma que vai endurecer, cortar privilégios e lutar para não ser chamada outra vez. É respeitosa, educada, vai de roupas contidas, e fica feliz em conversar com o professor.
Mas, mesmo assim, para a direção e coordenação, eu sOu o cuLpADo. A solução? Vou casar com uma mulher que me arrume trigêmeos e um par de chifres. Assim, eu também terei muitos traumas e razões para ser um mau professor e pouco melixar com os alunos. Afinal, percebo que se preocupar com eles e sempre chamar os pais para colaborar com a educação dos filhos é visto, de maneira global, por sociedade e direção, como uma falha conceitual minha. Tenho que ser um tÓteM mágico de transformação de bárbaros em seres civilizados. Que voltem os jesuítas!
Poesia para agitar o espírito:
NÃO TOCAR NA TERRA
Não tocar na terra, não ver o sol
Nada mais a fazer a não ser fugir, fugir, fugir
Vamos fugir, vamos fugir
Casa no topo do monte, a lua jaz quieta
Sombras nas árvores testemunhando a brisa selvagens
Anda, querida, foge comigo
Vamos fugir
Foge comigo, foge comigo, foge comigo
Vamos fugir
A mansão é amena no topo do monte
Ricos são os quartos e os confortos lá
Vermelhos são os braços de luxuosas cadeiras
E não vais saber nada até entrares lá dentro
Corpo morto do Presidente no carro do condutor
O motor funciona a cola e alcatrão
Anda connosco, não vamos muito longe
Para Este conhecer o Czar
Foge comigo, foge comigo, foge comigo
Vamos fugir
Alguns foras-de-lei vivem junto ao lago
A filha do ministro está apaixonada pela serpente
Que vive num poço junto à estrada
Acorda, rapariga, Estamos quase em casa
Sol, sol, sol
Queima, queima, queima
Lua, lua, lua
Apanhar-te-ei em breve... em breve... em breve!
Eu sou o Rei Lagarto
Posso fazer qualquer coisa
JIM MORRISON
Dê Jim Morrison às crianças!