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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

(IN) Feliz dia do professor - A educação está muito sem educação!


Já fiquei com professora, aluna, já fui xingado por aluno, já me senti um lixo. Sou professor! Não sou Ronaldo, e não brilho muito no Corinthians. Ganho 600 reais brutos, enquanto um juiz federal substituto inicia ganhando R$ 19.955 reais e uns centavos. Me meto a dar aula em qualquer lugar, e cito aqui: Mesquita, Edson Passos, Morro Agudo, Jacarezinho, California, Quintino, Madureira, Niterói, São Gonçalo, Marechal Hermes, Magé. Mas gosto de ser professor!

Apesar das pessoas retardadas com as quais trabalhei, e outras muito malandras em sentido de serem amigas, sobrevivi, e hoje ainda tenho forçaspara entrar em sala de aula. Mas meu tempo está acabando.

Ontem fui chamado a atenção por estar na calçada fumando um cigarro enquanto não havia um aluno sequer na escola. Segundo meu supervisor, eu deveria ficar na sauna da escola, sentado fazendo nada. Qual a diferença entre dentro do portão e fora do portão? Para eles, muita! Qual a diferença entre um profissional e um cão de guarda? O salário e o medo de perder privilégios são algumas das diferenças. Cidadania...igualdade? No Estado, não há! Escolas são o reduto do preconceito.

Nas condições atuais, com este salário, este nível de alunos que foram passando de ano desde a alfabetização, sendo semi analfabetos em grande maioria, e com esta estrutura estatal viciada que prende direção e supervisão a cargos políticos cuja liberdade se resume a zero, eu não aceito mais dois anos nisso. Vou catar latinhas, é mais light do que o que eu passo!

Ano passado a esta época eu tinha 28 turmas, mais de 700 alunos. Devo ter lecionado a cerca de 5000 pessoas, e isso é um bom número. Pra mim já deu!

O professor radical se tocou...a educação não o quer. A educação está muito sem educação!
HOJE VOU TRABALHAR DE 13 A 22H, POIS O GOVERNADOR ACHA QUE MINHA VIDA É DEVERAS FÁCIL, E NÃO POSSO TER UM FERIADO QUINTA-FEIRA. TRANSFERIU PARA AMANHÃ. QUERIA TER ESSA DISPOSIÇÃO COM DEPUTADOS E COM A COMITIVA QUE FOI TOMAR CHAMPANHE EM COMPENHAGUE, NA ESCOLA DA CIDADE-SEDE EM 2016!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O caos da educação pública no Rio de Janeiro

Sou professor do estado do Rio. Por favor, não ria de mim! Há muito que penso em escrever um post que argumente sobre as quimeras destte sacerdócio que congrega professores, orientadores, pedagogos, coordenadores, diretores, serventes, merendeiras, inspetores, porteiros, secretários e afins. Enfim, todos estes profissionais que, escolhendo ou não, estão diretamente ligados ao cotidiano escolar do estado do rio de janeiro. A última novidade é o salário que aumentou sem aumentar, piorou piorando, e acabou nos empurrando goela abaixo uma obscenidade.

Na última semana, a cena de policiais apontando armas para professores desarmados em pleno estado democrático de direito foi mais um sinal claro da real vocação de nossos governantes e agentes de segurança: manter a ordem no caos.

Do início. O casal Garotinho, quando governava o estado, criou um tal de Nova Escola, um programa de quantificação da qualidade do ensino das escolas. Funcionava assim: as escolas passavam anualmente por uma avaliação da qualidade do ensino, a qual servia como base para gratificações salariais para os professores. Ou seja, se a esola fosse bem avaliada o professor receberia até 500 reais a mais mensais, e se fosse mal avaliada não ganharia nada. Seguia a linha dos governos demagoos que buscavam a falsa qualidade e o eterno cala a boca com migalhas em dinheiro. Este plano criava professores que trabalhavam a mesma coisa mais recebiam renda diferente. Algo ilegal. Até hoje é assim. As fotos deste post foram retiradas do orkut de Renata.

O programa foi descontinuado anos atrás, e nao teve mais avaliação das escolas, logo, eu que entrei em 2008, assim como outros profissionais que entraram nos últimos concursos não recebem um centavo sequer de Nova Esmola. A luta e reivindicação dos professores sempre foi por incorporar o Nova Escola pelo teto (500 reais) ao salário de todos, não só de alguns. Esta foi a promessa do então candidato Sérgio Cabral, eleito em 2006.

A polêmica começa desde o ano passado, 2008, no qual o governador Sérgio Pinocchio Cabral afirmou estar "estudando" a viabilidade econômica da incorporação do Nova Escola a todos os professores. Viabilidade econômica para aumentar 500 reais do saláio dos professores estaduais que recebem o segundo pior salário do Brasil mesmo estando no segundo estado mais rico? Valeu, tio! Esperamos, porém.

Mensalmente o jornal O DIA veio trazendo notícias falaciosas de que a incorporação viria, que os professores teriam aumento, que nós estávamos comemorando. Semanalmente as notícias traziam informações de que nós, os que pedem esmola, não teríamos mais do que reclamar. Afinal, pra quem recebe 607 reais ganhar mais 500 realmente é uma boa. Mesmo assim ganharíamos menos da metade do salário da prefeitura de Duque de Caxias. uh huuuu!

Mas veio assim: 435 reais,parcelados em 6 anos, igual carro de pobre, sacas? Carro velho, pq quando bater 2015 a inflação terá comido quase todo o meu aumento. E não feliz com isso, o Cabral ainda nos sacaneou mais: propôs reduzir o insterstício de classe. Como?

A cada 3 anos, o professor do estado ganha 12% de aumento. A gente entra na Classe 3, e vai subindo. Isso se chama plano de cargos e salários, eé definido por lei. É uma conquista histórica domovimento sindical em negociação com a classe dirigente. Cabral forçou no projeto de nosso aumento diminuir o aumento de 12% para 7,5%. Por que? Porque para o governador somos o setor do funcionalismo público que mais ecebe aumentos, e ele teria que corrigir isso. Anunciou isso ao vivo, no RJTV.

Pensem comigo. Se recebemos muito mal, iniciando com apenas 600 reais, é mais do que justo que tenhamos 12% de aumento. Considero pouco, pois tinha que ser 100% após três anos,para ganhar 1200 reais ao menos! Governador safado, me cansa pensar em ti.

Foi hábil ao dividir a categoria com as duas propostas. Pois se só oferece os 435 do Nova Escola, este aumento não passa. Mas ao ameaçar os 12%, fez com que todos nós fossemos contra este item, e assim ele cedeu nos 12%, mas conseguiu vitória plena na incorporação do Nova Escola em seis anos. Ele sabia que não derrubaria os 12%, e por isso o propôs.










Em resumo, estou fodido e mal pago. Meus alunos não respeitam sequer os pais, meu plano de saúde, da APPAI, associação dos professores públicos do estado do rio, ironicamente não cobre psicologia. Ou seja, recebo pouco, trabalhomuito, sou desrespeitado, e não posso ter um psicólogo.

Na última assembléia, realizada na quinta feira dia 10-09, na sede da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), foi decidido continuar a greve vigente aomenos até esta terça feira, dia 15, quando estaremos em passeata rumoa ALERJ.Veja fotos da confusão e violência policial da semana passada: http://oglobo.globo.com/rio/fotogaleria/2009/9820/

Obrigado, Deus, por me escolher para sofrer. Espero que um dia a data de meu aniversário, 12 de setembro, seja celebrada pelos povos como o nascimento de um filho de Deus que veio à Terra e pereceu ensinando e se fodendo. Acredito na educação, mas não nesta educação que nos propõem a fazer como voluntários explorados! Abaixo tem a carta de promessas do candidato Sérgio Cabral. Caozeiro fodido! Fui

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Os carcarás da fé: Não te cansa saber que na "fazenda" do bispo o milho sempre vira milhão?

Jesus Cristo é o Senhor, e o tio bispo Edir Macedo anuncia na Rede Record que é pobre. Acreditei, pois a Record não pertence ao bispo. Sequer pertence à Igreja. Pertence a alguém que não sei o nome. Mas não importa saber. O que está acontecendo é um escândalo.

As denúncias do Ministério Público sobre a formação de quadrilha por parte dos dirigentes da Igreja Universal do Reino de Deus (Jesus Cristo é o Senhor? rs) foram veiculadas pela imprensa de 5 continentes e mais de 20 países ao redor do globo terrestre. Calúnias! Sofismas falaciosos.

A Igreja Universal não força a barra associando que toda a riqueza material das pessoas só virá perante a doação de suas cuecas para as obras (da casa do bispo?) da igreja. Muio menos é antiética quando constrói tempos que parecem mansões da Playboy. Não é mentirosa quando esconde seus bens no nome depastores e bispos. E não comete constrangimento ilegal ao falar ao telefone que quem nao doar é infiel e estará mais próximo do inferno, trazendo a desgraça para o irmão ao lado. Dízimo.

Eu acho isso inveja. Imagino realmente que a Globo seja o capeta, e nunca fui satanista.Mas pela primeira vez na história, to abraçando o diabo! Engraçado foi ver a repórter da Record pergunando ao chefe (Edir Macedo) se ela poderia perguntar qualquer coisa, sem censura.Mas como pode ela perguntar a ele? Se a reportagem é isenta deveria entrevistar sem pedir,e outra: Se ele diz que não é dono da emissora, e que a Igreja apenas é uma anunciante do canal, por que ter medo?

O tragicômico é que ele, assim como toda a elite brasileira, ganha dinheiro encima de concessões estatais públicas de TV e rádio. O canal é seu, é meu. E não de uma religião.Seu papel é de representar a sociedade, como um todo, não como micro setor. Me estressa!

O senhor (bispo macedo) é meu pastor, e nada (lhe) faltará! Pro jantar: Caviar, lagosta, picanha ou vatapá?

Enquanto isso, nós aqui, doando din din, e comendo comida ruim! Nojento, tchan!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Ser professor no Rio de Janeiro: Maldição ou passaporte pro céu?

O cotidiano do professor pode ser resumido a uma palavra: estressante. Se bem que esta palavra foi tão utilizada em tantos momentos nos últimos anos que se desgastou. Posso dizer que viver é muito estressante. Mas morrer não deve ser menos estressante. Eu imagino o inferno com um lugar no qual você tenha 5 refeições diárias maravilhosas, regadas a fanta laranja, no qual você tenha que passar a eternidade dando aulas de segunda a segunda, das 7 e meia da manã às 22 e 40 da noite, e que possua como clientela crianças e adolescentes entre 11 e 15 anos, escrevendo errado "coando" (quando), "ospitas" (hospitais) e outras pérolas do neologismo estudantil.

Só mesmo uma prisão com tratamento 5 estrelas e a obrigação de lecionar todos os dias ininterruptamente pode ser tão cruel quanto o inferno. A rede estadual do Rio de Janeiro se aproxima a isso. Minha aluna do ensino médio não sabe identificar o que seja um verbo numa oração. Pois é. Ensino médio, 19 anos, e não sabe o que é verbo.

E agora vim dar aula nesta turma, denominada "Projeto Autonomia", que se trata numa parceiro entre o Governo do Estado do Rio de Janeiro e a Fundação Roberto Marinho, no qual estudantes muito atrasados (nome certo é com "alta defasagem idade-série) fazem este supletivo dos infernos no qual um único professor (eu, por exemplo, sou professor de Geografia), leciona todas as disciplinas. De Física a Música, de Português a Química, de Artes a Religião. Exibo um vídeo, faço dinâmicas e avalio. Nem me perguntm se concordo com isso. Sou funcionário público e preciso de meu salário. Terminam o Ensino Médio em 1,5 ano. Absurdo? Outra hora conto o resto.

Sou chamado de professor com chip. E agora desligo meu chip, daria aula de PortUguês, porém não compareceu nenhum aluno. Vou desligar meu laptop, ir para minha casa, ligar o chip da cerveja e tomar uma gelada no bar! Até lá!

Confesso que nestes dias ando muito empolgado com a idéia de ir a Recife no 29º ENEPE - Encontro Nacional de Estudantes de Pedagogia, que será realizado entre 19 e 25 de Julho no Recife, Pernambuco. Ok, diriam que não sou pedagogo nem estudante universitário. Mas se sou professor de Geografia, devo manter o meu "tesão pedagógico" bem no alto, para que consiga encontrar razão para justificar o injustificável: o fato de ainda acreditar que lecionar podeser uma atividade saudável nos dias atuais.
 
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