Mostrando postagens com marcador breno mendes. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador breno mendes. Mostrar todas as postagens

sábado, 19 de junho de 2010

Lembranças de uma infância banal: como nasce um professor do futuro

Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara
(José Saramago. Ensaio Sobre a Cegueira)

Diversos motivos explicam o fato de eu ser professor de Geografia. Diversos momentos explicam meu modo de lecionar. Diversos processos explicam o que ensino. Diversidade espaço-temporal-simbólica é uma característica de minha vida e, acredte, da sua.

Leciono Geografia, e buscando em minha infância lembro de passagens que antecipavam minha necessidade brutal de conhecer mais e mais o mundo. Acordava sempre para ver Globo Ecologia, Globo Ciência e Globo Rural. Eu adorava saber o preço da saca de café conilon, e da arroba do boi no Mato Grosso do Sul. Entender como a poluição se concentrava na atmosfera de São Paulo me dava frio na barriga e excitação pelo tema. Quando eu lia o jornal, só me interessava pelas partes de Esportes e Economia. A última me rendia longas conversas sobre política econômica e industrial no Brasil e noutras partes do globo. Mas eu também brincava, jogava bola, rodava pião, andava de bicicleta e me ralava todo caindo no chão, andei de skate, ia a praia, passava as férias de Julho e fim de ano na casa de meus tios Walmir (in memoriam) e Rita. Eu gostava de estar num bairro diferente. Me fazia bem o novo.

Organizar-se já é de certa maneira, começar a ter olhos
(José Saramago. Ensaio Sobre a Cegueira)

Quando era época de Copa do Mundo, comprava as revistas da Copa, e nelas encontrava informações sobre os países participantes: idiomas falados, religião, culinária, população e os diferentes tipos de mulheres bonitas de capa país eram a cereja do bolo chamado Copa do Mundo. Eu queria ir para a Holanda. As meninas holandesas que apareciam nas filmagens de torcida eram...ai...incríveis. Ainda são!

Aí eu me dedicava a ver semelhanças dos nomes dos jogadores de cada país, e descobri que, pelas bandas da Holanda, os homens costumavam se chamar "Von", "Van". Enquanto outros países possuíam nomes muito próximos, me questionava o por quê do Brasil não possuir um padrão: Careca, Romário, Bebeto, Dunga, Ronaldo, Mauro Silva e Zico não formavam um conjunto linguístico homogêneo. Eu ainda não era consciente de nossa esquisita formação territorial.

Ao utilizar meu computador 486 (modernooo), eu buscava joguinhos típicos de crianças de época: Fifa Soccer, Elifoot, Carmem San Diego eram comuns. Carmem era um joguinho esquisito, pobre de grafismo, mas rico em informação geográfica. Perseguia bandidos, sempre lendo as listas de dicas e pistas que eram dadas acerca do paradeiro dos bandidos. Eram dicas simples, mas com bom conteúdo geográfico. Aprendi a buscar em livros por estes jogos.

Aos domingos, assistir ao Fantástico, além de me fazer tremer de medo com as supostas imagens de eventos grotescos como a possível autópsia do ET da Área 51, eu via imagens dos enlatados do Discovery Channel e BBC, que recheiam o programa, mostrando profundezas dos mares, ou a migração dos golfinhos. Adorava Jacques Cousteau. E me tornei meu próprio Jacques.

Não é caro criar um pesquisador de qualidade na infância. Eu jamais fui uma criança de exigências caras. O interesse que nascia em mim pela pesquisa era o mesmo que hoje exijo de meus alunos, no Colégio Naval, única instituição de Ensino Médio da Marinha do Brasil, localizado em Angra dos Reis. Lembro que eu fiz Geografia porque meu professor de 5ª série até o 1ºano do Ensino Médio, Emanuel Carneiro, faleceu.

Eu era apenas um adolescente, e chorei muito ao saber, duas semanas após ve-lo, que ele morreu após uma cirurgia de retirada de um tumor no cérebro. Ele usava um anel de ouro com uma grande "jujuba" de rubi, e era engraçado. Amava o Lula, deixando a barba crescer em anos eleitorais. Usava camisa da Redley florida e calça da Company. Era um bom professor, e não comentei que na escola, era minha matéria favorita. Soube estimular minha facilidade natural por Geografia, e minha humana e simples capacidade de me indignar.

Acho bonito lembrar de nosso passado. Ao olhar para trás, entendemos os por quês de estarmos onde estamos hoje. E assim, somos capazes de planejar a vida e protetarmos nossos destinos no futuro. Quero ser lembrado como um bom professor. Aprendi iso com pessoas como Emanuel, e tornei isso minha opção por fé. Tenho fé no conhecimento. Ele liberta. Este é meu testemunho.

O mundo é confuso e confusamente entendido
(Milton Santos)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

[Medo] Os medos do tempo, o presente que damos à pressa, esquecendo da vida, olhando o relógio

Lembro muito bem de um pesadelo que eu tinha na infância. Eu sempre via relógios por toda parte de onde olhava, e isso me desesperava, de um modo tal que simples relógios me tiravam o sono. Não consigo compreender que sonho esquisito era aquele, mas ele me mostra, 15 anos depois, que a humanidade é oprimida por uma maquininha chamada "relógio"; mais que isso, ele é o verdadeiro Deus onipresente de nossa existência.

Tratamos o relógio como os incas tratariam um antigo Deus de sua civilização: damos-lhes nosso coração, extraído vivo e pulsante, pela boca. Acordamos atrasados, comemos mal no café, por pressa, menos do que queríamos comer, mas já se torna certamente muito tempo para perder o ônibus, perder o trem e chegar atrasado no trabalho. Mas por que chegar atrasado é tão indesejável? Será que gostamos tanto de chegarmos na hora simplesmente por prazer de estar pontual? Talvez a resposta esteja em outro campo da vida.

A pressa é devido ao alto custo do atraso. O dinheiro como mola que move o mundo é de multiplicação intensa, veloz e sem permitir passos para trás. Não nos dá margem ao erro, ou a quaisquer tentativas de entender o que fazemos durante o processo. Mal se planeja, se executa como dá, e depois olhamos para trás e vemos a cagada que fizemos. Bem vindo à era 3G!

Grande Guloso e Grotesco. O atual período nos trás Grandes Possibilidades sociais, porpem o capitalismo é Guloso, o que dá resultados Grotescos (3G).

Em posts futuros estarei discorrendo aqui análises da fluidez do trânsito das grandes cidades brasileiras, em especial do Rio de Janeiro. Soluções simples, ou caras? Soluções filosóficas? Será possível solução? Acredite, o que não faltam são propostas para tornar o atraso coisa atrasada, e tornar a vida mais confortável a bordo de meios de transporte inteligente...porém, a execução jamais é iniciada pelos gestores e administradores da coisa pública. Por enquanto, que tal sair de casa sem o relógio? Acredite, o pesadelo é terrível.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

(IN) Feliz dia do professor - A educação está muito sem educação!


Já fiquei com professora, aluna, já fui xingado por aluno, já me senti um lixo. Sou professor! Não sou Ronaldo, e não brilho muito no Corinthians. Ganho 600 reais brutos, enquanto um juiz federal substituto inicia ganhando R$ 19.955 reais e uns centavos. Me meto a dar aula em qualquer lugar, e cito aqui: Mesquita, Edson Passos, Morro Agudo, Jacarezinho, California, Quintino, Madureira, Niterói, São Gonçalo, Marechal Hermes, Magé. Mas gosto de ser professor!

Apesar das pessoas retardadas com as quais trabalhei, e outras muito malandras em sentido de serem amigas, sobrevivi, e hoje ainda tenho forçaspara entrar em sala de aula. Mas meu tempo está acabando.

Ontem fui chamado a atenção por estar na calçada fumando um cigarro enquanto não havia um aluno sequer na escola. Segundo meu supervisor, eu deveria ficar na sauna da escola, sentado fazendo nada. Qual a diferença entre dentro do portão e fora do portão? Para eles, muita! Qual a diferença entre um profissional e um cão de guarda? O salário e o medo de perder privilégios são algumas das diferenças. Cidadania...igualdade? No Estado, não há! Escolas são o reduto do preconceito.

Nas condições atuais, com este salário, este nível de alunos que foram passando de ano desde a alfabetização, sendo semi analfabetos em grande maioria, e com esta estrutura estatal viciada que prende direção e supervisão a cargos políticos cuja liberdade se resume a zero, eu não aceito mais dois anos nisso. Vou catar latinhas, é mais light do que o que eu passo!

Ano passado a esta época eu tinha 28 turmas, mais de 700 alunos. Devo ter lecionado a cerca de 5000 pessoas, e isso é um bom número. Pra mim já deu!

O professor radical se tocou...a educação não o quer. A educação está muito sem educação!
HOJE VOU TRABALHAR DE 13 A 22H, POIS O GOVERNADOR ACHA QUE MINHA VIDA É DEVERAS FÁCIL, E NÃO POSSO TER UM FERIADO QUINTA-FEIRA. TRANSFERIU PARA AMANHÃ. QUERIA TER ESSA DISPOSIÇÃO COM DEPUTADOS E COM A COMITIVA QUE FOI TOMAR CHAMPANHE EM COMPENHAGUE, NA ESCOLA DA CIDADE-SEDE EM 2016!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Feriado da Independência em Paraty

O final de semana prometia: viajar e acampar no feriadão de 7 de setembro parecia uma ótima idéia. E realmente foi uma idéia maravilhosa. Tatu mora em Niterói; Salgueiro em São Gonçalo; Cris no Méier, e eu em Marechal Hermes. O plano inicial? Passar o feriado no EREH-SE (Encontro regional de estudantes de história da região sudeste). Porém ao chegarmos na UFRRJ (universidade rural), percebemos que o evento estava com apenas cerca de 50 pessoas presentes. Resolvemos partir viajando rumo a Paraty, Praia do Sono.





















Chegamos lá pelas 2 da manhã, mas ainda ñ sabíamos o que viria pela frente. Sem lanternas nem iluminação, fizemos uma trilha complicada que durou mais de duas horas, mata adentro. Ao chegarmos na praia, escuridão total, um breu de dar gosto, afinal eram 4 da manhã! Poucas pessoas acordadas ao redor de uma fogueira, e montamos nossas barracas na parte final de um camping, com fome absoluta e total. Acordamos na manhã seguinte e o local é lindo, com praia de areia fina encravada entre as montanhas cobertas por Mata Atlântica que parece original. Ao final da praia, um ambiente incrível de foz de riacho de água doce, com rochas, potabilidade e peixes.


Saímos de lá antes do início da tarde, e fomos para Paraty. Lá, percebemos o quanto a cidade é linda. O casario, a vibe da cidade é ótima, tem muito ar romântico de lugar para ser feliz. Os poréns são os preços das lojas, que são caríssimas, além da inexistência de uma casa de samba e chorinho na cidade. Um ponto a favor é que a prefeitura dinamiza um calendário cultural no qual toda semana tem alguma festa sendo comemorada, com palco na praça, grandes artistas e tal. Neste final de semana foi a festa de Nossa Senhora dos Remédios. Confesso que desconfiei que esta santa tivesse sido forjada somente para justificar uma festa na cidade.

A beleza do centro histórico e Paraty inspira a boa educação popular, fazendo com que, mesmo na ausência de lixeiras públicas, as pessoas não joguem lixo nas ruas. Não há sequer bituca de cigarro no calçamento de pé de moleque. Interessante que, ao voltarem para o Rio de Janeiro, São Paulo ou outras cidades, estas mesmas pessoas voltarão à rotina porca e sedentária. Interessante também é a inclinação das ruas, que ao contrário das ruas asfaltadas das grandes cidades, cuja inclinação conduz z água para a rede pluvial (bueiros, manilhas), induz a água a ficar no meio da rua. A ponte sobre o rio é linda, e a população é agradável.

Estarei colocando outras fotos e comentários sobre esta viagem nos próximos posts, para que todos consigamcaptar oque foi a viagem.



sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Mão na xereca, beijos e gargalhadas voltando para casa


Curto e grosso: perca a mulher, mas não perca seu estilo!

Te conto. Fui sair com uma menina e...papo vai,papo vem, fico com ela. Ok, beijo delicioso, a coisa deu uma esquentadinha mas...nada proibido pela lei e pela moral. Fui levá-la em casa e, noportão, mais beijos, beijos, e eu,como bom homem, peço que fique mais. Ela, não pode. Inicia-se um diálogo normal:

Ela: Breno, eu tenho que subir agora...
Eu: Poxa, tem que suir é? Que isso, fica mais um pouco...
Ela: Hum...mas eu tenho que subir...
Eu: É, tem q subir...
Ela: É...
Eu: Tem que fazer o que mesmo?
Ela: Que subir
Eu: Então SOBE COM A MÃO NA XERECA COM A MÃO NA XERECA COM A MÃO NA XERECA !

Em resumo, ela virou as costas e disse: Que babaca!

kkk,mas praquem não entendeu, a conheci numas festas nas quais todas as mulheres, inclusive ela, dançavam um funk chamado "mão na xereca". Elaagora não aceitou,mas nas festas dançava.

Hipocrisia. Pedi desculpas pela péssima interpretação dela.

Perdi a mulher, não perdi a piada! A história é séria!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Planejamento Urbano: Se você soubesse o que é, não conheceria engarra

Já imaginou quanto tempo de sua vida você gasta em engarrafamentos? Calcularam isso. Você passa 1 ano, 5 meses e 26 dias. Não sei se esta conta está correta, mas não duvido que seja no mínimo isso. Afinal, vcê já sofreu com chateações de trânsito

Acidentes de trânsito, pessoas sem noção ao volante, excesso e escassez viajam lado a lado no caótico trânsito carioca, que não é mais louco do que o de outras grandes cidades do mundo.

Não culpo o Estado pelo excesso de carros que chegou às ruas, ou pelo crescimento desordenado da metrópole e seu entorno imediato (Baixada Fluminense), porém não perdôo meus governantes eleitos pelo atual estado das coisas, que de planejadas, só enxergo o lucro ao final do balanço contábil.

(Foto da Avenida Brasil de manhã, sentido Centro do Rio engarrafado, como de costume)

Caso houvesse planejamento urbano....

O sistema de trens urbanos foi privatizado nos anos 90 do século XX, não mais é suficiente. À época da privatização, o estado de conservação das pouquíssimas composições que circulavam na Região Metropolitana do Rio de Janeiro era precário, com grandes intervalos entre as composções e poucos usuários de trens. O tráfego rodoviário abarcou toda a demanda urbana, com todos os impactos ambientais decorrentes desta modalidade de transporte que utiliza combustíveis fósseis, pneus e asfalto, esfumaça e destrói a saúde da paisagem cotidiana.

Hoje, privatizada e controlada pela espanhola Supervia, os trens do Rio de Janeiro melhoraram em conservação, limpeza, intervalo de composições e garantia do serviço. Não há mais descarrilamentos constantes ou afins. A contrapartida do Estado foi estranha. Os lucros são todos da empresa privada, que arca também com a manutenção do sistema. Porém todos os investimentos em novos trens ou expansão do sistema são de responsabilidade do Estado.

Ou seja, os trens da Supervia, ditos os mais modernos do Brasil, não foram comprados pela empresa. Sim pelo seu imposto.

Os ônibus estão distribuídos por uma máfia maldita que não constrói a inteligência e fortalece a burrice de investir em ônibus mal conservados, que consomem muito, desconfortáveis e que desestimulam o uso do mesmo. Quem pode, vai de carro. E no Brasil o carro é muito barato, posto que com 3 mil reais você tem um carro para trafegar diariamente. Resultado: ruas lotadas, engarrafamento e tempo vital perdido.

A economia perde, o trabalhador perde, pois o chefe raramente acredita quando o indivíduo se atrasa dois dias seguidos, e a sociabilidade vai sendo perdida. Cada vez menos somos humanos, cordiais e sisudos. Entre em um ônibus lotado vindo da Barra para Madureira e ao soltar você será Lúcifer! Vá, como vou, de Marechal Hermes a Nova Iguaçu, e espere o ônibus por uma hora. Mais de 10 ônibus passando direto fazendo sinal de estarem lotados. Depois esbofeteie para entrar numa lata lotada. Discuta com uma mulher afirmando que você apalpou a bunda gorda dela, e uma hora e cinco minutos depois, solte feliz para dar aula.

Impossível! Mereço parabéns! Minha diretora disse que não mereço,pois me atrasei. Verdade, mereço um castigo, pois querer diálogo inteligente sendo servidor público estadual é acreditar que o mar vai virar sertão!
 
hits