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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

As ruínas da sociabilidade: Em São Bernardo professor chamou alunos de vagabundos. A culpa é de quem?

Ontem vendo TV me deparei com uma matéria no SBT que apresentava uma gravação feita pelo celular de uma aluna da 8ª série da EE Maria Iracema Munhoz, no Centro de São Bernardo do Campo, no estado de São Paulo, em áudio, na qual o professor de Matemática afirmava que alunos, que discutima com ele, e se recusavam a parar de jogar baralho em sala de aula, eram vagabundos.

"Vagabundo, se você vem para cá e não quer fazer nada é vagabundo! E se seus pais não fazem nada por isso são dois vagabundos...três, você, seu pai e sua mãe!" (professor acusado)
Óhhhh! Ficou a sociedade estamental impressionada e chocada. É claro que em nosso Antigo Regime (vuulgo Feudalismo), a Nobreza sequer tomará conhecimento do ocorrido: os mandantes do Legislativo, Executivo e Judiciário estão pouco se lixando para as salas de aula, já que suas salas estão comPortinari, Di Cavalcanti e Romero Britto. O alto clero tabém não está muito aí pra hora do Brasil. Mas o Baixo Clero e a Plebe (A plebe é sempre rude, e põe rude nisso!) está em polvorosa.

O Baixo Clero de nosso Ancién Regimé se sonstitui de delegados formados na Estácio de Sá, policiais Miojo (formados em 3 meses), gerentes regionais de ensino, jornalistas de emissoras pobres, dentre outros. O delegado registrou queixa, pois teme que o Papa, representante do Alo Clero e figura de Deus na Terra, o prenda no fogo dos infernos. Os policiais investigarão, mesmo que escrevem iMvestigar! A gerente regional de ensino de São Paulo afirmou que está apurando o caso, e a jornalista fez a matéria, que não abordou a derrota da escola, a que não consegue mais gerar respeito por parte da sociedade; não se surpreendam, o Baixo Clero não pensamuitomesmo, ele executa. Gerencia crises, são os buchas do Alto Clero e Nobreza. Sempre foi assim.

A escola perdeu o tratamento respeito que recebia da sociedade...aquilo que conquistava. Ao tentarmos dar aula, somos os impositores, e situações de tensão como estas ocorrem mais do que o normal. Não defendo a ação do professor, mas observando o relato do caso, me coloco em sua posição, e o compreendo. Não é uma culpa única e exclusivamente da escola, mas de um modelo societário que foi implantado de modo trágico nas grandes cidades brasileiras.

Na mesma reportagem, os alunos da turma afirmam em tom jocoso: "E olha que a gente nem fez nada demais... (MAS COMO? JOGAR BARALHO NA SALA? ACEITAM UMA CERVEJA E UMA PORÇÃO DE CALABRESA, CRIANÇADA?:???)...na aula dos outros somos bem piores!" Assim! Na lata! Os alunos assumem fazerem de tudo para infernizar a vida de um cara que tem sua própria vida e que, ao contrário do frentista que pode um dia discutir com seu gerente e no dia seguinte voltar atrás, do advogado que discute com o cliente por estafa, do vendedor da DI SANTINNI que um dia ou outro me atende mal porque a mulher o traiu, o professor deve de novo ser o bastião da nobreza e da pureza societária de uma sociedade que não mais existe.

Isso que digo é essencial...a sociedade puritana e respeitosa não existe mais! Vivemos um Big Brother mal intencionado, onde alunos falam sacanagem com você para depois o chantagear, onde o prazer e o status e fazer com que eu bata na mesa, grita, peça pelo amor de Deus, mostre raiva. Este é o aluno que tem a chamada "moral", esse é "pedra". Ser "fechamento" é fazer vista grossa com eles e oferecer ponto em toda atividade de sala, em tempos da nota virar 20! Lamento pelo professor, mesmo. Sofrerá processo, e tomara que não perca o emprego. Na gravação, ele fala uma verdade absoluta e irrefutável: "Eu não estou aqui para perder tempo com quem não quer aprender!". Eu também não estou. Temos que tentar nos controlar nas palavras, mas espero que o Estado o proteja e o defenda, visto que as situações de trabalho são desumanas e somos expostos a estresse desnecessário, fundamentalmente graças a inoperância de encarregados em níveis superiores: Coordenadores, Diretores, Gententes, Secretários de Educação, Legisladores, Juízes e Prefeitos/Governadores/Ministros/Presidente. Que seu advogado consiga argumentar tal tese.

Veja o estresse pelo qual passo nesta semana: Estou com meu pé enfaixado, imobilizado. Sou profissional de educação, e não posso ficar mais de 3 dias em casa, pois o Estado me obriga a, após o 3º dia ausente por motivos médicos, ir à escola, pegar um papel com a diretora, e depois ir ao centro do Rio de Janeiro dar entrada no pedido de perícia, que será marcada e eu terei que ir de novo, fazer e então entrar em licença médica. Porém, meu salário é de 547 reais, e tenho outros 800 reais mensair de hora extra, para complementar a renda. Se entro de licença, não receberei mais do que 547 reais. Quando eu voltar às aulas, minhas turmas de dobra de carga horáriaterão sido dadas a outros professores, e ficarei recebendo apenas os 547. Há condições de se trabalhar dignamente em condições tais como estas?

Em tempo. No fim da reportagem, uma professora aparece dándo uma dedada para o câmera, e aqui eu também faço o mesmo! Ponto!

Tenho uma série de posts sobre as condições precárias do professor público no Rio de Janeiro, e por que não em todo o Brasil. Aqui estão os links.

Matérias no meu Blog Poética Inculta:
O caos da educação pública no Rio de Janeiro
http://poeticainculta.blogspot.com/2009/09/o-caos-da-educacao-publica-no-rio-de.html

Amizades perfeitas, cerveja e crise educacional
http://poeticainculta.blogspot.com/2009/08/amizades-perfeitas-cervejas-e-crise.html

Ser professor no Rio de Janeiro: Maldição ou passaporte pro céu?
http://poeticainculta.blogspot.com/2009/07/ser-professor-no-rio-de-janeiro.html

Matérias no meu site BrenoGraphia.com.br :
Livro didático, educação e idéias
http://www.brenographia.com.br/2009/02/livro-didatico-educacao-e-ideias/

Como tratar um profissional da educação
http://www.brenographia.com.br/2009/02/como-tratar-um-profissional-da-educacao-2/


Você pode ler a matéria deste caso aqui!


Salve estes links e depois leia, com certeza terá um quadro bastante abrangente do que é ser professor na atualidade.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Justiça proíbe cultos evangélicos nos trens do Rio

Até que enfim! Uma juíza da 8ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio determinou que a SuperVia, concessionária espanhola que opera os trens urbanos do Rio, coloque avisos dentro dos vagões e nas estações avisando da proibição de ocorrerem cultos religiosos nos vagões. Segundo a juíza atesta em seu parecer, os cultos evangélicos que acontecem os vagões incomodam os demaispassageiros, “além de obrigá-los, indiscriminadamente, a se submeter a doutrinas religiosas”, acrescenta a ação. Dentre tantas notícias boçais, esta é das melhores que já li ultimamente.

Certamente os pregadores evangélicos utilizarão alguma passagem bíblica para demonstrar que, tal qual apóstolo X ou Y, estão sendo perseguidos por sua fé, e que devemresistir, pois o Senhor é mais e tal etc e tal. Porém, caso eles tenham o mínimo de senso realista e julgamento racional, verão que as coisas mudaram muito. Antigamente, em um trem Central-Japeri, havia um vagão evangélico. QUem quisesse ia nele. Eu fugia, obviamente, escolhendo outro. Agora são TODOS os vagões de todos os trens Japeri, Nova Iguaçu, Santa Cruz... ou seja, não há direito de escolha. É ouvir ou pular nos trilhos, se suicidando!

Sempre viajo de ônibus, trem e metrô lendo livros de Sociologia, História e Geografia. Imaginem o drama: enquanto leio os acontecimentos internacionais que auxiliam a entender a independênciado Brasil, tem um pandeiro mal tocado, e 30 pessoas gritando e cantando ao meu lado. Já pensei em fazer a revolução científica no trem, convocando 30-40 professores de Geografia ou outras áreas para pregar nossos conhecimentos no vagão, desafiando aos evangélicos. Seria no mínimo engraçado.

O assunto é sério, já que pregações em alto som em ambiente coletivo fechado como o trem criam constrangimentos, pois impede o silêncio, o descanso, a escolha do que ouvir e pior, a liberdade religiosa, visto que outras matrizes religiosas e de conhecimento ficam alijadas do direito à expressão no mesmo local. Imaginem um islâmco lendo ao Alcorão enquanto 30 pessoas o chamam de infiel, ou um satanista todo vestido de preto lendo suas práticas de bruxaria, o que daria, oumesmo uma mãe de santo andando no vagão, silenciosamente, sentada, tirando um cochilo. Atirariam pedras nela? Ao menos comigo, que durante um destes cultos utilizava um MP3, fui chamado de infiel e herege. Que tal decisão seja mantida e entre para a cultura de sociabilidade urbana do homem cotidiano carioca, e não se perca dentre tantas outras.

Antigamente fazia sucesso um funk que dizia: "Oh demorou para abalar...mas abalou, oi demorou, demorou para abalar, o William e Duda abalou, ô ô!" Esta lei demorou, mas espero que ela abale fortemente uma das aberrações de nossa urbanidade cotidiana.

Infelizmente ainda faltará prender as mulheres de 30 anos e plena saúde que carregam crianças de 2 anos no colo pedindo esmolas pelos vagões,ao invés de trabalhar (com esta idade, há o que se fazer!). Faltará também tomarem atitude contra a aberracional criação da venda de doces da multinacional Nestlé por camelôs legalizados, mas cujos sapatos sempre estão furados, demonstrando que a empresa suíça pouco se importa com as condições de trabalho dos brasileiros.

No metrô não há camelôs, pois os guardas não aceitam corrupção dos camelôs, e todas as estações estão 100% cobertas por câmeras, o que impede tais desvios de conduta; os cultos e gritos não acontecem, os atrasos não ocorrem. No trem, os guardas protegem mais aos ambulantes do que nós, os cultos aporrinham, não há circuito interno nas estações que registre o que acontece, e a sensação de insegurança é cotidiana. Pedras.

Outro tema que me incomoda é a proibição de que homens viagem no famigerado vagão feminino. Esta lei, de poucos anos atrás, estabelece a suspeita de que todo homem em metrô e trem é um potencial tarado roçador de bundas alheias. O tosco é que a população vê este absurdo e não faz nada. No metrô, caso entremos neste vagão, somos retirados por seguranças. No trem, a lei caducou e virou letra morta. De novo um exemplo de sociabilidade diferencial para a mesma população, em momentos diferentes. A mesma mulher do vagão do metrô é a do vagão do trem e do baile da Via Show, onde praticamente levará como prêmo o fato de que sarrem sua bunda.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Planejamento Urbano: Se você soubesse o que é, não conheceria engarra

Já imaginou quanto tempo de sua vida você gasta em engarrafamentos? Calcularam isso. Você passa 1 ano, 5 meses e 26 dias. Não sei se esta conta está correta, mas não duvido que seja no mínimo isso. Afinal, vcê já sofreu com chateações de trânsito

Acidentes de trânsito, pessoas sem noção ao volante, excesso e escassez viajam lado a lado no caótico trânsito carioca, que não é mais louco do que o de outras grandes cidades do mundo.

Não culpo o Estado pelo excesso de carros que chegou às ruas, ou pelo crescimento desordenado da metrópole e seu entorno imediato (Baixada Fluminense), porém não perdôo meus governantes eleitos pelo atual estado das coisas, que de planejadas, só enxergo o lucro ao final do balanço contábil.

(Foto da Avenida Brasil de manhã, sentido Centro do Rio engarrafado, como de costume)

Caso houvesse planejamento urbano....

O sistema de trens urbanos foi privatizado nos anos 90 do século XX, não mais é suficiente. À época da privatização, o estado de conservação das pouquíssimas composições que circulavam na Região Metropolitana do Rio de Janeiro era precário, com grandes intervalos entre as composções e poucos usuários de trens. O tráfego rodoviário abarcou toda a demanda urbana, com todos os impactos ambientais decorrentes desta modalidade de transporte que utiliza combustíveis fósseis, pneus e asfalto, esfumaça e destrói a saúde da paisagem cotidiana.

Hoje, privatizada e controlada pela espanhola Supervia, os trens do Rio de Janeiro melhoraram em conservação, limpeza, intervalo de composições e garantia do serviço. Não há mais descarrilamentos constantes ou afins. A contrapartida do Estado foi estranha. Os lucros são todos da empresa privada, que arca também com a manutenção do sistema. Porém todos os investimentos em novos trens ou expansão do sistema são de responsabilidade do Estado.

Ou seja, os trens da Supervia, ditos os mais modernos do Brasil, não foram comprados pela empresa. Sim pelo seu imposto.

Os ônibus estão distribuídos por uma máfia maldita que não constrói a inteligência e fortalece a burrice de investir em ônibus mal conservados, que consomem muito, desconfortáveis e que desestimulam o uso do mesmo. Quem pode, vai de carro. E no Brasil o carro é muito barato, posto que com 3 mil reais você tem um carro para trafegar diariamente. Resultado: ruas lotadas, engarrafamento e tempo vital perdido.

A economia perde, o trabalhador perde, pois o chefe raramente acredita quando o indivíduo se atrasa dois dias seguidos, e a sociabilidade vai sendo perdida. Cada vez menos somos humanos, cordiais e sisudos. Entre em um ônibus lotado vindo da Barra para Madureira e ao soltar você será Lúcifer! Vá, como vou, de Marechal Hermes a Nova Iguaçu, e espere o ônibus por uma hora. Mais de 10 ônibus passando direto fazendo sinal de estarem lotados. Depois esbofeteie para entrar numa lata lotada. Discuta com uma mulher afirmando que você apalpou a bunda gorda dela, e uma hora e cinco minutos depois, solte feliz para dar aula.

Impossível! Mereço parabéns! Minha diretora disse que não mereço,pois me atrasei. Verdade, mereço um castigo, pois querer diálogo inteligente sendo servidor público estadual é acreditar que o mar vai virar sertão!
 
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