segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O caos da educação pública no Rio de Janeiro

Sou professor do estado do Rio. Por favor, não ria de mim! Há muito que penso em escrever um post que argumente sobre as quimeras destte sacerdócio que congrega professores, orientadores, pedagogos, coordenadores, diretores, serventes, merendeiras, inspetores, porteiros, secretários e afins. Enfim, todos estes profissionais que, escolhendo ou não, estão diretamente ligados ao cotidiano escolar do estado do rio de janeiro. A última novidade é o salário que aumentou sem aumentar, piorou piorando, e acabou nos empurrando goela abaixo uma obscenidade.

Na última semana, a cena de policiais apontando armas para professores desarmados em pleno estado democrático de direito foi mais um sinal claro da real vocação de nossos governantes e agentes de segurança: manter a ordem no caos.

Do início. O casal Garotinho, quando governava o estado, criou um tal de Nova Escola, um programa de quantificação da qualidade do ensino das escolas. Funcionava assim: as escolas passavam anualmente por uma avaliação da qualidade do ensino, a qual servia como base para gratificações salariais para os professores. Ou seja, se a esola fosse bem avaliada o professor receberia até 500 reais a mais mensais, e se fosse mal avaliada não ganharia nada. Seguia a linha dos governos demagoos que buscavam a falsa qualidade e o eterno cala a boca com migalhas em dinheiro. Este plano criava professores que trabalhavam a mesma coisa mais recebiam renda diferente. Algo ilegal. Até hoje é assim. As fotos deste post foram retiradas do orkut de Renata.

O programa foi descontinuado anos atrás, e nao teve mais avaliação das escolas, logo, eu que entrei em 2008, assim como outros profissionais que entraram nos últimos concursos não recebem um centavo sequer de Nova Esmola. A luta e reivindicação dos professores sempre foi por incorporar o Nova Escola pelo teto (500 reais) ao salário de todos, não só de alguns. Esta foi a promessa do então candidato Sérgio Cabral, eleito em 2006.

A polêmica começa desde o ano passado, 2008, no qual o governador Sérgio Pinocchio Cabral afirmou estar "estudando" a viabilidade econômica da incorporação do Nova Escola a todos os professores. Viabilidade econômica para aumentar 500 reais do saláio dos professores estaduais que recebem o segundo pior salário do Brasil mesmo estando no segundo estado mais rico? Valeu, tio! Esperamos, porém.

Mensalmente o jornal O DIA veio trazendo notícias falaciosas de que a incorporação viria, que os professores teriam aumento, que nós estávamos comemorando. Semanalmente as notícias traziam informações de que nós, os que pedem esmola, não teríamos mais do que reclamar. Afinal, pra quem recebe 607 reais ganhar mais 500 realmente é uma boa. Mesmo assim ganharíamos menos da metade do salário da prefeitura de Duque de Caxias. uh huuuu!

Mas veio assim: 435 reais,parcelados em 6 anos, igual carro de pobre, sacas? Carro velho, pq quando bater 2015 a inflação terá comido quase todo o meu aumento. E não feliz com isso, o Cabral ainda nos sacaneou mais: propôs reduzir o insterstício de classe. Como?

A cada 3 anos, o professor do estado ganha 12% de aumento. A gente entra na Classe 3, e vai subindo. Isso se chama plano de cargos e salários, eé definido por lei. É uma conquista histórica domovimento sindical em negociação com a classe dirigente. Cabral forçou no projeto de nosso aumento diminuir o aumento de 12% para 7,5%. Por que? Porque para o governador somos o setor do funcionalismo público que mais ecebe aumentos, e ele teria que corrigir isso. Anunciou isso ao vivo, no RJTV.

Pensem comigo. Se recebemos muito mal, iniciando com apenas 600 reais, é mais do que justo que tenhamos 12% de aumento. Considero pouco, pois tinha que ser 100% após três anos,para ganhar 1200 reais ao menos! Governador safado, me cansa pensar em ti.

Foi hábil ao dividir a categoria com as duas propostas. Pois se só oferece os 435 do Nova Escola, este aumento não passa. Mas ao ameaçar os 12%, fez com que todos nós fossemos contra este item, e assim ele cedeu nos 12%, mas conseguiu vitória plena na incorporação do Nova Escola em seis anos. Ele sabia que não derrubaria os 12%, e por isso o propôs.










Em resumo, estou fodido e mal pago. Meus alunos não respeitam sequer os pais, meu plano de saúde, da APPAI, associação dos professores públicos do estado do rio, ironicamente não cobre psicologia. Ou seja, recebo pouco, trabalhomuito, sou desrespeitado, e não posso ter um psicólogo.

Na última assembléia, realizada na quinta feira dia 10-09, na sede da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), foi decidido continuar a greve vigente aomenos até esta terça feira, dia 15, quando estaremos em passeata rumoa ALERJ.Veja fotos da confusão e violência policial da semana passada: http://oglobo.globo.com/rio/fotogaleria/2009/9820/

Obrigado, Deus, por me escolher para sofrer. Espero que um dia a data de meu aniversário, 12 de setembro, seja celebrada pelos povos como o nascimento de um filho de Deus que veio à Terra e pereceu ensinando e se fodendo. Acredito na educação, mas não nesta educação que nos propõem a fazer como voluntários explorados! Abaixo tem a carta de promessas do candidato Sérgio Cabral. Caozeiro fodido! Fui

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que agora sim vocês poderam conseguir algo.É com disciplina que se resolve as coisas, e não com guerra.Tenho certeza que Cabral irá chegar em um acordo justo ao cargo de vocês.

 
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