quarta-feira, 8 de julho de 2009

O poder da Experiência e a experiência do Poder

Hoje estive em um evento de palestras com temáticas negras, no centro do Rio. Foi muito legal, cheguei atrasado, mas foi muito válido. A professora Dra. Elisa Larkin Nascimento e o unânime Dr.Abdias Nascimento estavam presentes, como vc pode ver na foto ao lado, eu no meio.

Celebridades que fazem arte e história enquanto humanos. O poder da experiência estava estampado em cada rosto mais ou menos enrugado naquele território de alto poder subversor da ordem discriminatória e segregatória. Ao final das palestras, uma multidão de cerca de 200 pessoas se infiltrava cadeiras adentro visando conseguir seus autógrafos dos autores dos livros organizados por Elisa. Concorrendo com os autógrafos, a massa queria chegar perto de Abdias, cumprimentá-lo, fotografá-lo.

Já conheci seu Abdias em sua casa, no Flamengo. Na época, devia ter 91 anos,hoje está com 93, com incrível consciência e resistência. O tempo passa, mas a lenda vive, e quanto mais vive, mais se torna lendário. No sentido positivo do termo. Não tinha pressa de tirar foto com ele. Eu desejava sua foto com sua esposa e eu.

O poder da experiência é entendido na frase de Elisa Larkin, me reapresentando a seu marido, Abdias: "Abdias, este aqui é o Breno, ele me chamou para a monografia dele e é um pesquisador dedicado às nossas questões." Olha isso! Esta grande intelectual norte-americana radicada no Brasil me reafirma em voz alta, neste evento grandioso. Saí embasbacado, revigorado, pois sua experiência demonstra o poder quando meelogia, me estimulando a continuar tentando pesquisar as temáticas negras.

A experiência do poder veio logo após, quando fomos, eu e meus amigos, ao Beco do Rato, que fica aolado da livraria onde ocorreu a mesa de palestrar. Puxei assunto com um fotógrafo negro que registrava o evento do IPEAFRO, sobre sua máquina digital SLR, acerca de suas características técnicas, pois viso comprar uma. Rapidamente, o rapaz perguntou o por quê de meu interesse, e afirmei: pretendo me tornar fotógrafo, em cerca de 3, 4 anos. Sem pressa, sem correria.

Enfim, quando eu explicava os motivos que tenho para querer aprender a fotografar, fui cortado com a seguinte frase: "Você sabe ouvir? Você não sabe ouvir, pois não me deixa falar!". Argumentei, pois era uma pergunta, e o indivíduo veio com a máxima, afirmando que se quero aprender, devo ouvir, e colocando que tem 20 anos de experiência em foto com temática negra, retirando qualquer validade de meu argumento que cada um tem o tempo que lhe cabe de experiência. Mas não adiantou. Minha experiência pesquisando, lendo e vivendo a minha pele de nada valia perante a transmutação do poder da experiência em experiência do poder. Lamentei e disse qua naquele momento estava muito estressado, e não teria como debater, após os insólitos argumentos, fetichizando a trnsferência de experiência. Para mim, a experiência é individual, e apreendida, não aprendida ou ensinada. Se um homem de 25 anos lhe procura, ele está se desarmando e pedindo ajuda. Oferecer espinhos, mais que tudo, é covardia.

Momentos como estes são infelizmente comuns em eventos de temática racial, onde qualquer pessoa que chegue horizontalizando o debate e quebrando hierarquias e puxasaquismos estabelecidos será rechaçada pelos falsos moralistas, ou aqueles que não estão seguros de si.

O principal modo de demonstrar sua insegurança é mostrar-se seguro de sua genialidade. Elisa Larkin me eninou mais uma vez, o exercício da humildade e de humanidade. Quebrar as árvores do conhecimento, estabelecer novas ligações.

Eu e meus amigos no evento do IPEAFRO. Me pergunto: "De que vale o céu azul e o Sol sempre a brilhar?" (Roberto Carlos)

Sem amigos....nada!








Até a próxima.

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