segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Os últimos 10 vencedores do Prêmio Nobel da Paz. Por que Obama venceu?

O presidente dos Estados Unidos Barack Husseim Obama foi escolhido pela Academia Real Sueca o vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2009. No site Nobelprize.org , somente é dito que Obama ganhou "for his extraordinary efforts to strengthen international diplomacy and cooperation between peoples" (TRADUZINDO: por seus extraordinários esforços para fortalecer a diplomacia internacional e a cooperação entre as pessoas). Ok, o OBAMA é diferente do Tio Bush II mas, será que era para tanto?

Vejamos o que fizeram outros laureados pelo prêmio que mais chama a atenção do mundo, anualmente. Como o prêmio é divulgado desde 1901, reduzimos nossa lista pesquisada aos últimos 10 vencedores, a partir de 1999.

Em 1999, a instituição Médicos Sem Fronteiras (wikipedia) recebeu o Nobel, "in recognition of the organization's pioneering humanitarian work on several continents" (TRADUÇÃO: em reconhecimento ao pioneirismo do trabalho humanitário da instituição em vários continentes). Simplesmente, para mim, esta e a Cruz Vermelha Internacional são as duas principais organização de auxílio humanitário do mundo, atuando em todos os conflitos mundiais, dos mais conhecidos aos mais esquecidos pela mídia. Vale a pena conhecer, se engajar e contribuir.




Em 2000, Kim-Dae Jung (wikipedia), ex presidente sul-coreano, falecido em 2009, "for his work for democracy and human rights in South Korea and in East Asia in general, and for peace and reconciliation with North Korea in particular" (TRADUÇÃO: por seu trabalho a favor da democracia e direitos humanos na Coréia do Sul e Leste Asiático em geral, e seu esforço pela paz e reconciliação com a Coréia do Norte em particular). Como presidente, conduziu a Coréia do Sul durante a crise asiática do fim da década de 1990, de modo incrivelmente positivo. Seu maior legado foi ter sedimentado a democratização da Coréia do Sul, assim como ter buscado de todas formas a reaproximação com a irmã Coréia do Sul. Durante as Olimpíadas de 2000, as duas Coréias entraram sob uma mesma bandeira, dando esperanças de fim a um dos mais tristes capítulos da Guerra Fria (a separação das Coréias).

Em 2001, o prêmio Nobel da Paz foi dividido entre Kofi Annan (wikipedia), ex secretário-geral da ONU) e a ONU (Organização das Nações Unidas), "for their work for a better organized and more peaceful world" (TRADUÇÃO: por seu trabalho por um mundo mais organizado e pacífico). Não entrarei no legado de Kofi Annan, visto que é, inegavelmente, uma das figuras mais importantes da história mundial pós-Guerra Fria.


Em 2002, o vencedor foi o ex presidente americano Jimmy Carter (wikipedia), "for his decades of untiring effort to find peaceful solutions to international conflicts, to advance democracy and human rights, and to promote economic and social development" (TRADUÇÃO: por suas décadas de esforço sem descanço para encontrar soluções pacíficas para conflitos internacionais, por avançar a democracia e os direitos humanos, e por promover desenvolvimento econômico e social). Carter foi presidente americano, e isso por si só já é controverso. Atuou em diversas crises internacionais, e recebeu o prêmio por sua atuação diplomática. É o único presidente que recebeu o prêmio quando estava fora do cargo (foi presidente de 1977 a 1981).

Em 2003, a vencedora foi Shirin Ebadi (wikipedia), "for her efforts for democracy and human rights. She has focused especially on the struggle for the rights of women and children" (TRADUÇÃO: por seus esforços pela demcoracia e direitos humanos. Ela focou sua atuação especialmente na luta pelos direitos das mulheres e crianças). Shirin é uma grande jurista iraniana, que constituiu sua vida lutando pelos direitos civis de mulheres, crianças, homossexuais e outros grupos marginalizados no Irã. Devido a sua luta e seu reconhecimento internacional, é perseguida pelo governo iraniano, que em 2008 fechou sua ONG de direitos humanos. Sofre contínuas ameaças de morte, e muitos acreditam que seu assassinato seja apenas questão de tempo.


Em 2004, a vencedora foi Wangari Muta Maathai (wikipedia), "for her contribution to sustainable development, democracy and peace" (TRADUÇÃO: por sua contribuição ao desenvolvimento sustentável, democracia e paz). Grande ativista, militante escritora de temáticas de desenvolvimento sustentável e políticas sociais voltadas aos menos favorecidos, luta por uma África que consiga se auto-governar e gerr seus problemas, sem no futuro precisar de doações.




Em 2005, o prêmio foi dividido entre a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA em português e IAEA em inglês) e seu diretor, Muhamed ElBaradei (wikipedia), "for their efforts to prevent nuclear energy from being used for military purposes and to ensure that nuclear energy for peaceful purposes is used in the safest possible way"(TRADUÇÃO: por seus esforços para prevenir e impedir o uso militar da energia nuclear e assegurar que a energia nuclear seja usada da forma mais segura). ElBaradei teve enorme atuação em todo o mundo, destacadamente nas questões de Iraque, Coréia do Norte, Paquistão, Índia e Irã. Deixará o cargo em 30 de Novembro de 2009.

Em 2006 o prêmio foi dividido entre Muhammad Yunus (wikipedia) e o Grameen Bank, ambos de Bangladesh, "for their efforts to create economic and social development from below"(TRADUÇÃO: por seus esforços em criar desenvolvimento econômico e social dos mais pobres). Yunus simplesmente levou uma idéia incrível a ser efetivada como uma das maiores iniciativas pessoais de oportunidades para os mais pobres da história. O Grameen Bank, fundado por ele, é um banco de microcrédito que empresta pequenas quantias de dinheiro para pequenos produtores muito pobres de Bangladesh, com mecanismos de garantia de repagamento em caso de calote, pois os "clientes" formam grupos que buscam ajudar-se solidariamente. A idéia do banco é a de que "os pobres tem habilidades, porém estas estão subutilizadas". Seu banco deu frutos e as organizações dele nascidas emprestam dinheiro em 43 países. Empresta sem contrato escrito, somente utilizando a palavra e a confiança como segurança de pagamento do dinheiro emprestado. Recomendo o artigo Grameen Bank, na Wikipedia. Melhor o em inglês, mais completo.

Em 2007, o prêmio foi dividido entre Albert Arnold Gore Jr. (Al Gore) (wikipedia), ex vice presidente americano e ativista humanitário e ambiental, e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), "for their efforts to build up and disseminate greater knowledge about man-made climate change, and to lay the foundations for the measures that are needed to counteract such change" (TRADUÇÃO: por seus esforços para construir e disseminar maiores conhecimentos sobre mudanças climáticas causadas pela humanidade". Gore é controverso, sendo genial em suas questões ambientais, sendo um dos grandes responsáveis pela atual preocupação mundial com o derretimento das calotas polares, extinção de espécies e subida do nível dos mares, devido ao aquecimento global causado pelas atividades urbano-industriais do mundo. Seu livro e filme, Uma verdade inconventiente (An inconvenient truth) (wikipedia), ganhou o OSCAR em 2007 como melhor documentário, e em 2009 ganhou um Grammy como melhor CD falado. Porém, suas posições políticas muitas vezes o aproximaram de outros líderes americanos de biografia política controversa.

Em 2008, o prêmio foi oferecido a Martti Ahtisaari (wikipedia), ex presidente finlandês, "for his important efforts, on several continents and over more than three decades, to resolve international conflicts" (TRADUÇÃO: por seus importantes esforços, em vários continentes e por mais de três décadas, para resolver conflitos internacionais). Ahtisaari interviu como negociador enviado pela ONU e pacificador pela agência na Irlanda do Norte, Indonésia, Kosovo, Sérvia, Iraque, nas regiões do Chifre da África e Ásia Central.



Chegamos à conclusão que o Prêmio Nobel não é a descoberta da pólvora, nem sequer da dinamite, esta uma invenção de Alfred Nobel, criador do prêmio. Buscamos sempre que os outros nos digam quem serão os novos salvadores, não só da pátria, como de nossas próprias peles, e neste sentido, o Prêmio Nobel serve como um esconderijo para nossas frustrações de não-ação, ignorância e temor descriativo. Escondem-se as frustrações por trás de um nome, "Nobel da Paz", esperando que estes sejam os novos Cristos, Madres Teresas de Calcutá ou Dalais Lamas. Mas o Nobel não é uma escolha divina, supra-humanitária e aleatória. É apenas mais uma premiação que, como todas as premiações, é controversa e discutível.

Controversa como a premiação deste ano, que premiou o presidente americano Obama, que se afirmou como o salvador da humanidade contra todas as quimeras mundiais que assolam o unoverso: o aquecimento global, a falta d'água, o barbudo terrorista, um presidente anterior igualmente terrorista, aumento dos preços, desemprego e tsunamis assassinas, fundamentalismo científico e religioso, a sexualização precoce das crianças, gravidez na adolescência e na terceira, sexo frágil (homem), sexo forte (mulheres), o mistério da convulsão de Ronaldinho em 1998 e o mistério de quem matou John F. Kennedy.

Primeiro imaginei que esta seria a primeira vez na qual o Nobel premiava alguém antes de fazer algo. Porém ele já fez! Ser eleito foi um feito, um marco, e guarda uma potencialidade criativa infinita. Ele nos fez e nos faz sonhar. Querendo ou não, concordando ou não, nós escolhemos Obama para o Prêmio Nobel da Paz. Nós o construímos.; citar Obama é referendar o Nobel;Afinal, o simples fato de olharmos para a Casa Branca e não vermos Bush II já nos trás bons motivos para uma linda noite de sono.

Avalio como um prêmio pelo que ele fez à história das nações: existiu!
Algo que não se via desde John F.Kennedy. John John era o Obama de outrora, e antes de o mundo perceber isso, foi assassinado. Creio que tudo isso passou à vista de quem escolheu. Obama é a vitória do poder simbólico. O fato dele existir já me deixa bastante mais tranquilo com o futuro do mundo, por mais que ñ tenhamos por que. Ele é a pergunta, e a própria resposta. Podemos fazer um mundo diferente? Yes, we can! (Sim, nós podemos!)

NOTA DE FIM DE MATÉRIA: O Prêmio Nobel, ao ser dado ao Obama, tão jovem e sem efetivamente ter começado sequer sua história de feitos como presidente, trabalha com três possibilidades: 1- Obama faz um governo espetacular, e o Nobelé reconhecido como uma premiação ousada, que arriscou na pessoa certa, mesmo antes de seu governo ter tempo de vida; 2- Obama faz um governo terrível, frustrando as pessoas do mundo; a guerra do Afeganistão vira uma carnificina, e o Nobel se desmoraliza; 3- Obama, além de fazer um ótimo governo, conseque pacificar o Oriente Médio ou algo deste tipo. Ganharia o Nobel duas vezes? Seria inédito na história. Em tempos de guerras preventivas, como as que Bush criou, o Nobel cria o Nobel preventivo. Bem ao estilo daquela plaquinha de Maracanã que diz: EU JÁ SABIA!

Um comentário:

Mary Gaspari disse...

Rsrsrs! É isso aí! Muito bom! Todos nós o escolheríamos para receber o prêmio se a escolha fosse nossa, vamos combinar... Ele hoje é tipo a Portela ou o América.

 
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