Até que enfim! Uma juíza da 8ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio determinou que a SuperVia, concessionária espanhola que opera os trens urbanos do Rio, coloque avisos dentro dos vagões e nas estações avisando da proibição de ocorrerem cultos religiosos nos vagões. Segundo a juíza atesta em seu parecer, os cultos evangélicos que acontecem os vagões incomodam os demaispassageiros, “além de obrigá-los, indiscriminadamente, a se submeter a doutrinas religiosas”, acrescenta a ação. Dentre tantas notícias boçais, esta é das melhores que já li ultimamente.
Certamente os pregadores evangélicos utilizarão alguma passagem bíblica para demonstrar que, tal qual apóstolo X ou Y, estão sendo perseguidos por sua fé, e que devemresistir, pois o Senhor é mais e tal etc e tal. Porém, caso eles tenham o mínimo de senso realista e julgamento racional, verão que as coisas mudaram muito. Antigamente, em um trem Central-Japeri, havia um vagão evangélico. QUem quisesse ia nele. Eu fugia, obviamente, escolhendo outro. Agora são TODOS os vagões de todos os trens Japeri, Nova Iguaçu, Santa Cruz... ou seja, não há direito de escolha. É ouvir ou pular nos trilhos, se suicidando!
Sempre viajo de ônibus, trem e metrô lendo livros de Sociologia, História e Geografia. Imaginem o drama: enquanto leio os acontecimentos internacionais que auxiliam a entender a independênciado Brasil, tem um pandeiro mal tocado, e 30 pessoas gritando e cantando ao meu lado. Já pensei em fazer a revolução científica no trem, convocando 30-40 professores de Geografia ou outras áreas para pregar nossos conhecimentos no vagão, desafiando aos evangélicos. Seria no mínimo engraçado.
O assunto é sério, já que pregações em alto som em ambiente coletivo fechado como o trem criam constrangimentos, pois impede o silêncio, o descanso, a escolha do que ouvir e pior, a liberdade religiosa, visto que outras matrizes religiosas e de conhecimento ficam alijadas do direito à expressão no mesmo local. Imaginem um islâmco lendo ao Alcorão enquanto 30 pessoas o chamam de infiel, ou um satanista todo vestido de preto lendo suas práticas de bruxaria, o que daria, oumesmo uma mãe de santo andando no vagão, silenciosamente, sentada, tirando um cochilo. Atirariam pedras nela? Ao menos comigo, que durante um destes cultos utilizava um MP3, fui chamado de infiel e herege. Que tal decisão seja mantida e entre para a cultura de sociabilidade urbana do homem cotidiano carioca, e não se perca dentre tantas outras.
Antigamente fazia sucesso um funk que dizia: "Oh demorou para abalar...mas abalou, oi demorou, demorou para abalar, o William e Duda abalou, ô ô!" Esta lei demorou, mas espero que ela abale fortemente uma das aberrações de nossa urbanidade cotidiana.
Infelizmente ainda faltará prender as mulheres de 30 anos e plena saúde que carregam crianças de 2 anos no colo pedindo esmolas pelos vagões,ao invés de trabalhar (com esta idade, há o que se fazer!). Faltará também tomarem atitude contra a aberracional criação da venda de doces da multinacional Nestlé por camelôs legalizados, mas cujos sapatos sempre estão furados, demonstrando que a empresa suíça pouco se importa com as condições de trabalho dos brasileiros.
No metrô não há camelôs, pois os guardas não aceitam corrupção dos camelôs, e todas as estações estão 100% cobertas por câmeras, o que impede tais desvios de conduta; os cultos e gritos não acontecem, os atrasos não ocorrem. No trem, os guardas protegem mais aos ambulantes do que nós, os cultos aporrinham, não há circuito interno nas estações que registre o que acontece, e a sensação de insegurança é cotidiana. Pedras.
Outro tema que me incomoda é a proibição de que homens viagem no famigerado vagão feminino. Esta lei, de poucos anos atrás, estabelece a suspeita de que todo homem em metrô e trem é um potencial tarado roçador de bundas alheias. O tosco é que a população vê este absurdo e não faz nada. No metrô, caso entremos neste vagão, somos retirados por seguranças. No trem, a lei caducou e virou letra morta. De novo um exemplo de sociabilidade diferencial para a mesma população, em momentos diferentes. A mesma mulher do vagão do metrô é a do vagão do trem e do baile da Via Show, onde praticamente levará como prêmo o fato de que sarrem sua bunda.
Certamente os pregadores evangélicos utilizarão alguma passagem bíblica para demonstrar que, tal qual apóstolo X ou Y, estão sendo perseguidos por sua fé, e que devemresistir, pois o Senhor é mais e tal etc e tal. Porém, caso eles tenham o mínimo de senso realista e julgamento racional, verão que as coisas mudaram muito. Antigamente, em um trem Central-Japeri, havia um vagão evangélico. QUem quisesse ia nele. Eu fugia, obviamente, escolhendo outro. Agora são TODOS os vagões de todos os trens Japeri, Nova Iguaçu, Santa Cruz... ou seja, não há direito de escolha. É ouvir ou pular nos trilhos, se suicidando!
Sempre viajo de ônibus, trem e metrô lendo livros de Sociologia, História e Geografia. Imaginem o drama: enquanto leio os acontecimentos internacionais que auxiliam a entender a independênciado Brasil, tem um pandeiro mal tocado, e 30 pessoas gritando e cantando ao meu lado. Já pensei em fazer a revolução científica no trem, convocando 30-40 professores de Geografia ou outras áreas para pregar nossos conhecimentos no vagão, desafiando aos evangélicos. Seria no mínimo engraçado.
O assunto é sério, já que pregações em alto som em ambiente coletivo fechado como o trem criam constrangimentos, pois impede o silêncio, o descanso, a escolha do que ouvir e pior, a liberdade religiosa, visto que outras matrizes religiosas e de conhecimento ficam alijadas do direito à expressão no mesmo local. Imaginem um islâmco lendo ao Alcorão enquanto 30 pessoas o chamam de infiel, ou um satanista todo vestido de preto lendo suas práticas de bruxaria, o que daria, oumesmo uma mãe de santo andando no vagão, silenciosamente, sentada, tirando um cochilo. Atirariam pedras nela? Ao menos comigo, que durante um destes cultos utilizava um MP3, fui chamado de infiel e herege. Que tal decisão seja mantida e entre para a cultura de sociabilidade urbana do homem cotidiano carioca, e não se perca dentre tantas outras.
Antigamente fazia sucesso um funk que dizia: "Oh demorou para abalar...mas abalou, oi demorou, demorou para abalar, o William e Duda abalou, ô ô!" Esta lei demorou, mas espero que ela abale fortemente uma das aberrações de nossa urbanidade cotidiana.
Infelizmente ainda faltará prender as mulheres de 30 anos e plena saúde que carregam crianças de 2 anos no colo pedindo esmolas pelos vagões,ao invés de trabalhar (com esta idade, há o que se fazer!). Faltará também tomarem atitude contra a aberracional criação da venda de doces da multinacional Nestlé por camelôs legalizados, mas cujos sapatos sempre estão furados, demonstrando que a empresa suíça pouco se importa com as condições de trabalho dos brasileiros.
No metrô não há camelôs, pois os guardas não aceitam corrupção dos camelôs, e todas as estações estão 100% cobertas por câmeras, o que impede tais desvios de conduta; os cultos e gritos não acontecem, os atrasos não ocorrem. No trem, os guardas protegem mais aos ambulantes do que nós, os cultos aporrinham, não há circuito interno nas estações que registre o que acontece, e a sensação de insegurança é cotidiana. Pedras.
Outro tema que me incomoda é a proibição de que homens viagem no famigerado vagão feminino. Esta lei, de poucos anos atrás, estabelece a suspeita de que todo homem em metrô e trem é um potencial tarado roçador de bundas alheias. O tosco é que a população vê este absurdo e não faz nada. No metrô, caso entremos neste vagão, somos retirados por seguranças. No trem, a lei caducou e virou letra morta. De novo um exemplo de sociabilidade diferencial para a mesma população, em momentos diferentes. A mesma mulher do vagão do metrô é a do vagão do trem e do baile da Via Show, onde praticamente levará como prêmo o fato de que sarrem sua bunda.
8 comentários:
Prezado,
Respeito o seu posicionamento em face dos cultos nos trem, só gostaria que ao fazer isto você posicionasse a veracidade dos fatos. O culto no trem vislumbra a obediência por nós evangélicos a lei de DEUS, não irei me aprofundar neste assunto, pois não é meu intuíto.
Só gostaria de frisar que além do papel teológico, há o papel social. Existem vários testemunhos de pessoas convertidas, pessoas esta que nem o Estado considera como cidadão, encarcerados, assaltantes, viciados..
Vivemos em uma guerra civil não declarada, na qual o Estado passionalmente assiste a tudo. O fato de estarmos dentro de um trem, convertendo pessoas, estamos também fazendo um papel social, vamos onde o Estado fecha os olhos. Não estamos só no trem, estamos nas bocas de fumo também. Você conhece alguém que faça este papel?
Enfim, meu intuíto não é briga, respeito a sua liberdade religiosa, sou uma pessoa com duas graduações, não me considero ingênua, e aeitei a Cristo dentro de um vagão de trem.
Talvez assim como muitos, eu não entraria em uma igreja, mas, eu agadeço a igreja que veio até mim.
Só gostaria que você retificasse sua informação de que em todos os vagões há culto. Os cultos são realizados no 3º vagão de cada trem.
Abraços,
Karla Gouvêa
Um vagão do trem destinado a culto evangélico, outro apenas para mulheres. Sobram quantos? 3?
Ou seja, homens com outra religião ou ateus não podem simplesmente entrar no trem e descansar até o seu destino?
A liberdade religiosa não pode vir antes da liberdade civil num estado laico.
Imaginem vocês se católicos, evangélicos, budistas, ubandistas, espíritas, contadores de piada, cantores, mágicos, trapezistas, começassem a expor ao mesmo tempo nos vagões seu trabalho, sua crença, sua fé? Tentem imaginar...
Papel teológico x Papel social....
Como diriam Hermes e Renato da MTV, "uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa" hehehe parece óbvio, mas nosso velho Darcy, o Ribeiro já alertava ao problema do óbvio:
"Nosso tema é o óbvio. Acho mesmo que os cientistas trabalham é com o óbvio. O negócio deles – nosso negócio – é lidar com o óbvio. Aparentemente, Deus é muito treteiro, faz as coisas de forma tão recôndita e disfarçada que se precisa desta categoria de gente – os cientistas – para ir tirando os véus, desvendando, a fim de revelar a obviedade do óbvio. O ruim deste procedimento é que parece um jogo sem fim. De fato, só conseguimos desmascarar uma obviedade para descobrir outras, mais óbvias ainda."
Nunca fui vitimado por um culto no trem, mas também nunca vi nesses as duas faces colocadas, vi apenas uma, a do papel teológico que cada fiel faz pra salvar-se e o papel social desse evangelho fica relegado ao pragmatismo que nos leva pra onde??? Olha a economia “comeh” que tá??? Tem muito pragmatismo lá, não acham???
Papel social não é apenas pragmatismo, e esses tipos de atividades de pregação teriam de não ser permitidos em locais públicos como os trens ou outras instâncias públicas, é melhor deixarmos os cultos das igrejas, senão daqui ferrou, se toda religião achar de pegar um vagão pra fazer “fudeu” não tem mais trem, mas sim igrejas ambulantes...
Não difere pra mim, o carinha que ouve som no celular, incomoda pra cacete, ou o cara que fica pregando o evangelho, ou o cara sem noção que passa com carro (trio elétrico) com som alto ouvindo música ruim pra todo mundo ouvir (pregando aquela merda que ele ouve), deixa tudo quieto, coloca o fone ouvido ou vai ao som do trem mesmo.
To “fudido” agora os caras querem tirar meu emprego, sou contra caridade, odeio os amigos da escola e todas essas merdas que chegaram com o excesso desse mesmo pragmatismo................
Bom...
Eu como evangélica acho que o mais absurdo são os gritos que outras pessoas são obrigadas a aturar. independente do qual seja o motivo do grito.
Na Bíblia diz que o nosso culto a Deus deve fazer parte da nossa racionalidade. Deus não é surdo e eu também não! Não acredito que seja isso que Deus espere de nós... Como diz a Bíblia, não é por força ou por violência, mas sim pelo espírito. E não tem jeito melhor de vc ganhar alguém pra Cristo: Atitudes e o reflexo de Cristo.
Mas de outro lado temos os gritos também de vendedores que ganham seus cliente no berro! E aí? Vai parar também?
Agora existe sim uma perseguição aos evangélicos!!! Aí você me diz: " Ah, Marcella... não dá pra comparar!!! O cara tá trabalhando!!! É mas tá me incomodando também!!! Tá gritando também!!"
Não tenho mais o costume de pegar trem, mas quando pegava nunca conseguia ouvir meu mp3. Quando começou um certo controle contra os vendedores, era incomodada com cutucões de vendedores me oferecendo algo.
Outro exemplo claro de perseguição aos evangélicos é o do jogador Kaká, sempre questionado pela sua religião. Existe hoje uma discussão mundial a respeito de sua conduta em campo. O Adriano, quando faz gol, pode fazer o sinal da cruz, hábito católico, mas o Kaká não pode levantar as mãos pros seus e oferecer o gol a Deus.
Mais um exemplo claro é a beleza que o hinduísmo foi retratado na novela. Apesar do sistema ridículo de castas e a pobreza e sujeira do Ganges, a Globo fez dois Globo Reporter falando da beleza do Ganges. Na novela da Portelinha, os crentes eram todos feios, mal vestidos, ignorantes, burros, com profissões consideradas inferiores.
O que as pessoas não entendem é que não deve existir diferença. Não pode gritar no trem, então NINGUÉM pode gritar no trem. Não pode expressar sua religião em uma partida de futebol, então não se pode haver qualquer manifestação religiosa dentro de campo. Quer proteção? Pede antes de entrar em campo!
Eu sempre luto pela liberdade e pelo direito de escolha. Cada um tem direito de escolher aquilo que quer. Religião, time, modo de vida, o que ler, o que ouvir. Minha liberdade termina no momento em que começa a do meu semelhante.
Hoje, em Engº de Dentro, entrei em um vagão evangélico no trem para a Central do Brasil. Tive que pensar rápido entre sair correndo e tentar entrar no próximo vagão ou fechar os olhos e OUVIDOS e seguir em frente. Como meu horário não permitia nenhuma tentativa.... ENTREI! Nossa! É interessante, mas ao mesmo tempo ASSUSTADOR! O 3º vagão INTEIRO cantando músicas de louvor ao som de pandeiros, chocalhos e outros instrumentos afins... Com os olhares que recebi, percebi que fui descoberta! O meu semblante me denunciou! Aquilo é loucura! Respeito o grau de fé de cada um.... mas a expressão dessa fé deve ser realizada em locais apropriados! Gritos, gemidos, palmas, urros.... Fiquei até com pena de Jesus.... nesta altura do campeonato ele deve estar com seus ouvidos sob tratamento de cura! Decidi não ler meu livro de viagem... fiquei com medo! Afinal de contas, se eu retirasse da minha bolsa uma obra com o título de LOUCURA E OBSESSÃO, no mínimo, talvez me tentassem retirar do vagão... Testemunho esta agonia diretamente, pois sou usuária diária dos trens da Supervia e do Metrô Rio. Não só o vagão evangélico, como a transição e gritos dos camelôs (esteja o vagão vazio, cheio ou MUITO cheio), o vagão feminino super lotado (que nos proporciona: socos, cotoveladas, puxadas de cabelos, empurrões, etc), os constantes atrasos, além de outras irregularidades nestes dois sistemas de transposte do RJ que MONOPOLIZAM nossas vidas. Amigos, o que gostaria de deixar registrado é a necessidade de apoiarmos muito esta lei, visando a tranquilidade em nossas viagens, gerando o mínimo de qualidade de vida para nós trabalhadores.
QUANDO O HOMEM (OU POVO) REJEITA A DEUS, DIRETA OU INDIRETAMENTE. DEUS TAMBÉM OS REJEITA. SE DEUS NÃO GUARDAR E CUIDAR DE NÓS E NOSSO DIA A DIA, COITADO DE NÓS. LEMBREM-SE DOS EUA, DO 11 DE SETEMBRO! O POVO AMERICANO INDIRETAMENTE TAMBÉM REJEITOU E REJEITA A PROTEÇÃO DE DEUS.
O problema é que os evangélicos se acha acima do bem e do mal, e acham que transgredir leis e o bom senso é´correto. Se um Espirita pregasse sua fé, com certeza os evangélicos os amaldiçoariam como fazem com os que rejeitam sua fé fundamentalista. Porque só o famigerado "crente" pode gritar e satanizar o próximo? Porque somente eles tem esse direito? Quer pregar que preguem em seus "templos".
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